quarta-feira, 4 de março de 2015

Minha professora do pré

Gente, vocês não acreditam quem eu reencontrei! Minha professora do pré! No domingo de carnaval, Dona Ivelise estava com o esposo e família no Sesc, onde eu estava também com minha família.

Uma coisa que eu tenho muita curiosidade é de saber como que eu me virava quando perdi a audição, aos dois anos. Minha mãe sempre me dizia que quando aconteceu isso eu estava começando a falar, cantava músicas infantis e minha querida avózinha Francisca me dizia, quando era viva, que eu repetia o que ela me falava. Ou seja, eu ouvia. E por sinal, bem.

Mamãe disse que quando peguei caxumba, fiquei com o pescoço tão duro que tive que usar até uma tala em volta, para imobilizar. E quando a caxumba passou, ela notou algo. Disse que me chamava e eu não a atendia. Chegou a ficar brava comigo, pensando ser malcriação ou desobediência.

Mamãe estava com a vizinha - amiga nossa até hoje, a Regina - e ela também notou que eu não respondia. O passo seguinte foi me levar ao médico otorrino, em Campinas, o dr. Raul Renato (o pai). Ele virou para minha mãe e disse: Está surdinha!

Bom, depois disso mamãe correu pra cima e pra baixo comigo, até conseguir me fazer ouvir, para que eu pudesse estudar em uma escola normal. Meus pais compraram um aparelho de caixinha, cuja foto mostro numa outra postagem. Com ele pendurado na gola, pude ouvir minha voz e treinar a fala. Comecei a fazer fonoterapia, para aprender e treinar leitura labial.

Na correria da mudança de cidade, mamãe me matriculou em uma escola pública, onde estudei o pré (hoje conhecido como primeiro ano do ensino fundamental I). Aí que entra a dona Ivelise.

Quando a reconheci e ela a mim, começamos a conversar e contei a ela sobre o meu IC. Dona Ivelise ficou surpresa, disse que eu estava falando muito bem. Bastou ela começar a falar de como eu era na escola para me emocionar. Minha professora me contou que eu prestava bastante atenção para conseguir entender, falava pouco, mas que era muito inteligente e que tinha uma letra muito bonita. Puxa, ganhei meu dia! Fiquei tão feliz que fui chamar Paulo e as crianças e os apresentei. E ela contou para eles como eu era quando sua aluna e as crianças amaram ouvir a minha professora contar história de mim. Parecia que estava dando aula para eles também... Recordar é viver!

Com dona Ivelise e seu esposo José Lopes, no Sesc