terça-feira, 13 de junho de 2023

Meus 10 anos de Implante Coclear

“Procurando o mundo dos sons, encontramos um mundo de amizades”

Este foi o lema de um dos Encontros Anuais das Pessoas com Implante Coclear, organizados pela FIC – Família do Implante Coclear, há alguns anos. Ele só reflete o que temos vivenciado em nossa busca pelo mundo sonoro, aprendendo mais e mais sobre o Implante Coclear.

Em minhas vivências nessa jornada, encontrei muita gente. Muitos que vieram para os mesmos caminhos sonoros. Muitos que se foram para outras vivências e alguns que ficaram, nos ajudando e apoiando na divulgação e suporte aos novos que chegavam.

Uma dessas pessoas, uma das mais animadas, era a Alessandra Cristofano. Chegou, pesquisou, aprendeu, implantou e... ficou conosco, recebendo sempre com muito carinho e prestatividade aqueles que chegavam cheios de dúvidas, medos, ansiedades...

Vivenciou conosco todos os processos: a expectativa, a cirurgia, a ativação, os primeiros sons, os treinamentos e, logicamente, as agruras pra cuidar da manutenção do processador.

Em cada etapa, a Alessandra registrou não apenas mentalmente, mas também no bloguinho dela, muito gentil e diligentemente, para compartilhar com os que chegavam.

De gente assim que precisamos sempre. Desbravando e compartilhando com outros.

Desejamos pra Alessandra mais e mais sucessos nessa jornada sonora e que compartilhe sempre conosco essas emoções e conquistas.

 

Texto por Roner Dawson

 


 Agradeço ao Roner pelo texto. Confesso que fiquei emocionada ao ler, pela forma como ele me descreveu chegando, ainda que de mansinho, no mundo dos sons. Começou a passar um filme na minha cabeça.

No dia que conheci o Implante Coclear pela primeira vez, numa consulta em meados de 2012, peguei o acessório na mão e trouxe para casa numa maletinha, para que minha família conhecesse. Até então achava que não teria solução para minha deficiência auditiva. Mas ouvi um sonoro “Hoje você pode!”

Fui estudando a possibilidade e então conheci uma amiga que havia dois anos que era implantada (conto aqui no blog). Ela e seu companheiro passaram uma tarde comigo, me mostrando como foi tudo. Não só as coisas boas, mas as chatas também, tudo que faz parte desse processo.

Chegou 2013 e eu ainda pensando. Compareci então no encontro verão de implantados, no Shopping Dom Pedro, e conheci Roner e a galera. Foi aí que decidi fazer.

Dia 17 de abril daquele mesmo ano, me internei no Hospital Madre Theodora e fiz a cirurgia de IC. Saí no dia seguinte, com o famoso turbante. Correu tudo na mais perfeita ordem, a cirurgia e a recuperação.

Dia 21 de maio foi o dia de ativar. Gente! Uau! Foi aí que começou a verdadeira história do mundo dos sons. Comecei a ouvir sons que nunca ouvia antes. Comecei a perceber que algumas (muitas) coisas tinham som. E comecei a ouvir sons que estava habituada antes, mas numa proporção muito mais alta, um som mais claro. E comecei a perceber, entre outras coisas, sons externos também.

Como esse é um texto para comemorar meus dez anos, não vou escrever tudo o que aconteceu nesse meio tempo, mesmo porque já escrevi aqui no blog muita experiência que vivi (até 2020).

Amigas de longa data.
Meu círculo de amizade com irmãos implantados (como chamo meus amigos de IC) foi aumentando e cresce até hoje. E cresce também o mundo sonoro, sempre um som diferente. Principalmente quando fiz o upgrade do N5 para o N6, que foi ano passado. Outra tecnologia, outros sons novos. Confesso que no começo relutei bastante (igual quando tive que trocar meu AASI analógico pelo digital). Mas após a audiometria mostrando que melhorou com relação à última, fiz um esforço de insistir e persistir. A vida é assim mesmo, precisamos nos adaptar a novas mudanças, ainda mais pra melhor. No começo de tudo foi difícil a fusão de dois sons diferentes: do AASI e do IC. Mas graças a Deus hoje não consigo ficar somente com um, preciso dos dois. Persistência.

Ano passado não foi só o ano do meu upgrade. Foi também o ano do meu ingresso na UFSC, onde estou cursando Letras Libras Licenciatura EaD, presencial a cada 15 dias, no polo UFABC de Santo André. Recebi ainda nesse ano dois convites e hoje faço parte da diretoria da ASSUCAMP (Associação dos Surdos de Campinas) e sou conselheira do CMS (Conselho Municipal de Saúde) de Campinas. Em ambos busco lutar pelos benefícios e direitos dos surdos de Campinas.

Para encerrar esse texto comemorativo dos 10 anos de implante coclear, quero compartilhar aqui alguns dos novos sons que consegui captar com o N6. Estava lavando a louça e ao colocar o prato no escorredor de metal, ouvi o tilintar (gente, é muito legal!); quando estava abrindo a massa de pão depois do tempo de crescimento, conforme rolava o pau de macarrão, escutava as bolhas dentro da massa estourando (melhor que estourar bolhas de plástico hehe); e o mais interessante, quando fui acender o fogão, eu ouvi o fogo (isso mesmo), na hora que acende ele faz um uuuuuoff... Gente, que som maneiro! Não sei como explicar a sensação de ouvir esses sons, que para mim, não existiam. Só sei agradecer a Deus pela possibilidade de ouvir novos sons com o Implante Coclear. A Ele toda honra e toda glória!