domingo, 6 de dezembro de 2015

Quando eu ouvia...

Uma coisa que admiro em minha mãe, além de ter buscado a audição para mim quando perdi, é o fato de, quando ela nem imaginava que isso fosse acontecer, ter usado a tecnologia da época, em meados de  1975, para gravar a minha voz e a voz do meu irmão Fabrício. Naqueles tempos, eram comuns fitas cassetes de historinhas infantis e nessas fitas havia espaço para que as mães gravassem o que quisessem. Meu irmão e eu tínhamos por volta de 4 e 2 anos, respectivamente.
Engraçado que parece que me lembro vagamente desse momento. Era perto do Natal e dos meus dois anos (faço aniversário uma semana antes do Natal), eu ficava de longe observando minha mãe e meu irmão com o gravador, estava arredia e morria de vergonha. Até que eles me chamaram, recuei um pouco e de repente fui lá, cantei tão rápido que comi palavras... e depois saí.
Minha mãe me entregou essa fita, que ficou guardada e intacta todo este tempo, depois que fiz anos de casada e tive os quatro filhos.
Achei que seria legal compartilhar aqui, pois foi um fato que ocorreu antes de eu ter perdido a audição, ou seja, eu ouvia e falava. E esta gravação comprova que eu realmente tive perda auditiva pós lingual, ou seja após aprender a falar. E não tenho vergonha de dizer, isso me deixa emocionada. Saber que um dia ouvi sem a necessidade de AASI, tanto que aprendi a cantar Atirei o pau no gato (talvez era mais afinada que hoje...). Não me lembro como me senti quando fiquei sem som. Não saberia descrever qual foi a minha reação, mas minha mãe pode descrever o lado dela. Disse que um belo dia me chamou e vendo que eu não a atendia, ficou brava achando que não queria responder ou que estava a desobedecendo. Ao passo que me chamou por trás de mim, vendo que não reagia, colocou a mão no meu ombro e me disse, quando olhei para ela: "Alessandra, você não está ouvindo a mamãe?" Não quero de fato imaginar qual foi a cena quando respondi: "Não, mamãe!"

E aí, a luta começou. Os parentes e amigos ficaram sabendo, aí corre para médico otorrino, fono, fui encaminhada aos especialistas de Campinas. Essa parte pretendo contar em outra postagem, mais para frente.

O que eu quero mostrar aqui é que a luta da minha mãe valeu muito a pena e que o exemplo dela deveria ser seguido por todas as mães, sem exceção. Parabéns a todas as mamães que passaram pelo que minha mãe passou e que, assim como ela, não desistiram de buscar a audição para seus filhos. Não é fácil, a mãe ter que colocar AASI no filho pequeno que muitas vezes se incomoda com o som ou com algo nas orelhas que pode chegar a doer no começo por falta de costume, chora, se recusa a colocar, mas a persistência e perseverança fazem parte do sucesso na busca da audição. E os frutos serão colhidos no futuro, por isso, mamães, não desistam! A audição é a recompensa desta batalha.

Deixo aqui o áudio da gravação da minha voz e do meu irmão feita pela minha mãe




Fabrício cantando: Cachorrinho está latindo lá no fundo do quintal (…) No final há um momento que minha mãe me diz para cantar e eu fico tímida. Aí meu irmão me incentiva a cantar. Voz ao fundo do tio Tércio.
Fabrício: Sanda, canta o cachorrinho, qualquer coisa... Canta o cachorrinho, Sanda... canta a pinguelinha...
(…) Depois de um silêncio, eu disparo a cantar:
Eu: Aaaatirei o pau no gato, to, mas o gato, to, (não mor)reu reu, dona Chica, ca, (admi)rou se, se, miaaau (tamanha era a vergonha que não cantei o berrô que o gato deu)




Agradecimentos ao irmão Halan Pauzer (HS Produções) pela transcrição do áudio da fita cassete inteirinha para CD.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Credencial de deficiente

Algumas pessoas me perguntaram como eu fiz a minha credencial de deficiente. O que irei explicar é válido para quem mora em Campinas, mas quem mora fora pode procurar a empresa municipal responsável de onde mora. 

Simples: para requerer a credencial de deficiente, a pessoa primeiro precisa fazer um pré-cadastro no site da Emdec (aqui neste link já direciona para vagas exclusivas) e quando abrir a página clica em  "cadastro para vagas exclusivas". Após preencher o cadastro, espera sete dias e comparece na EMDEC levando a documentação necessária (carteira de identidade ou CNH, comprovante de residência e cópia do laudo médico recente - eu levei audiometria atualizada e laudo do médico otorrino com o CID-10) e já leva a credencial pronta.

Aqui na minha cidade, os shoppings isentam o estacionamento para quem tiver a credencial (basta preencher um papel com o número da credencial e outros dados seus e do carro), alguns dão desconto no cinema, mas em outras cidades ou até estados não hesito em perguntar se tem algum benefício ou desconto para deficiente, como aconteceu recentemente em SP no Shopping Patio Higienópolis, que contei na postagem anterior a esta.

Ando sempre com a credencial comigo e procuro não deixar no carro quando ele fica em oficinas de conserto, em estacionamento com manobrista ou em lava-jato, assim como não deixaria documento ou credencial de morador de condomínio. Essa dica inclusive foi dada para mim quando fui buscar minha credencial, pela funcionária da Emdec.




Modelo de credencial retirado em http://pt.slideshare.net/oliveiraspbr/modelo-credencial-deficientes

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Bom atendimento e benefícios

Dia 2/11, segunda-feira passada, foi feriado e fui com minha família á São Paulo para assistirmos o show dos Arrais, então saímos mais cedo de casa com planos de almoçarmos próximo da região onde seria o show para chegarmos a tempo e sem correria.

Fomos então ao Shopping Pátio Higienópolis, almoçamos tranquilamente. Estava um tempo de chuva, mas quente. Revolvemos ir validar o ticket do estacionamento, foi quando li no caixa que deficientes têm a taxa isenta, bastava ter a credencial de deficiente e a CNH do condutor e ir ao SAC do shopping para fazer a carteirinha. 

Lá fui eu fazer a carteirinha, fiz um cadastro com meus dados, foi tirada uma foto minha e na hora ficou pronta! Não levou nem 10 minutos!

Deixo aqui não só a minha satisfação com o bom atendimento do shopping, mas também da minha família!




quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mais um encontrinho em Campinas

Outro agradável encontro organizado pelo Roner Dawson, usuário de IC, vai acontecer em Campinas, no Shopping Iguatemi. Neste local usuários de Implante Coclear, AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual), BAHA ou qualquer outro meio de se tornar possível a audição, e ainda usuários de Libras, candidatos, familiares e amigos de usuários, se encontrarão para um gostoso bate papo, para tirar dúvidas ou trocar informações. 

Você que deseja saber mais sobre IC ou AASI, não perca este encontro. Leve aquele amigo ou parente que sempre relutou por medo, dúvida ou receio do desconhecido. No encontro, ele se sentirá amparado, tanto por veteranos quanto pelos novatos na turma.

Não deixe de ir! Vai acontecer dia 31/10/2015, sábado, na Nova Ala do Shopping Iguatemi (parte nova), das 14 as 18 horas. 

Estarei lá!




domingo, 11 de outubro de 2015

Um tempo sem audição

Um belo dia resolvi lavar os cabelos de manhã, e como já ia sair para trabalhar, não deu para secar e saí com eles molhados mesmo. Colocar os meus ouvidos, nem pensar. Meu AASI não é a prova d'água e meu IC até aguenta bem umidade, mas se eu colocasse na cabeça, meu cabelo não ia secar direito. Então pensei em colocá-los na bolsa e depois, quando meu cabelo já estivesse menos molhado eu os colocaria. E assim feito, saímos, minha família e eu para o trajeto matutino rotineiro.

É engraçado que, mesmo sem minha audição, parecia que eu "sentia" os sons. Eles fazem tanto parte da minha vida, que eu acostumei. Por isso, quando eu abri e fechei o portão, eu "senti" o som que faz, pois parece que ficou gravado em minha mente. É algo esperado quando minha mente "vê" o abrir e fechar do portão, é automático o ouvir o som esperado. É parecido com quando você coloca o som da TV no mute, você está vendo a imagem e sabe qual seria provavelmente o som. 

Naquela manhã, resolvi deixar no mute por um tempo. Depois de deixar minhas crianças na escola e esposo no ponto de ônibus, segui para o mercado. E deixei meus ouvidos na bolsa. Por um momento pensei em pegá-los, pois dirigindo, não ouviria buzinas ou outros alertas, talvez fosse perigoso. Mas criei coragem e segui em frente, afinal, tem várias pessoas que não ouvem nenhum som e dirigem. Queria ver como era. E parecia que eu conseguia ouvir o som do motor do carro, lá na minha mente.

Claro, minha atenção redobrou. Não que eu não seja cuidadosa no trânsito, não é isso. Tá, ás vezes sou meio maluca, mas procuro tomar cuidado e não cometo extravagâncias a ponto de correr o risco de causar danos a outros. Mas a verdade é que quando eu fiquei com zero som, parece que aquele sono que estava quando acordei de manhã acabou de repente e que meus olhos dobraram de tamanho. Sem brincadeiras, meu radar ficou ligado no máximo.

No mercado desci do carro, peguei o carrinho e subi a rampa. Olhei o carrinho e imaginava o barulho metálico das rodinhas. Olhava as pessoas que cruzavam comigo com mais atenção. Fiz rapidamente as compras, e antes de passar as compras deu uma vontade de tomar aquele cappuccino dentro do mercado. Pensei: será que o atendente vai me compreender? Sei que minha voz muda quando estou sem aparelho. Vou, não vou, vou, não vou e... fui! No balcão, esperei o atendente olhar para mim e falei pausadamente e movendo bem os lábios (como é ruim falar sem ouvir a própria voz!): Um cappuccino, por favor? Ele entendeu, aleluia! E ainda perguntou: Com chantilly? Soltei um "claaaaro" sorrindo. A verdade é que normalmente eu chego e peço: "Um cappuccino no capricho, por favor", mas dessa vez fiquei com vergonha. O engraçado é que quando peço assim, nunca vem caprichado, mas dessa vez veio um cappuccino bem no capricho que até soltei um "uau!". Bem, e na hora de passar no caixa, não pedi CPF na nota para não falar muito e falei muito obrigada.

Na hora de passar as compras, tive que conversar um pouquinho com a moça do caixa. Forma de pagamento? CPF na nota? E não teve jeito, acho que a moça percebeu. E o bacana é que ela esperava eu olhar para ela para falar comigo. Fui muito bem atendida e até ganhei um sorriso da moça quando despedi agradecendo.

No carro, coloquei GPS e senti falta da voz orientando: Vire à direita e em seguida, vire à esquerda. Consegui me orientar bem somente com a imagem. Mas que faz uma falta ouvir as instruções, faz, viu...

A verdade é que foi uma experiência interessante, mas o som faz parte da minha vida e prefiro não abrir mão dele e neste dia mesmo não consegui ficar muito tempo sem. Tudo bem que é só durante o dia, já que a noite, quando vou dormir, eu tiro os meus "ouvidos" e fico no mute - aí para dormir é uma maravilha, pode cair o mundo, que não acordo. E também em casos como agora, eu estava aqui no silêncio, interrompido vez ou outra pelos filhos que pediam atenção, mas concentrada escrevendo esta postagem e o esposo chega e tcharam... liga a TV. É impressionante como tira a concentração! Mas isso foi facilmente resolvido desligando meus "ouvidos". Essa é a vantagem de ser usuária de AASI e IC. :)



quinta-feira, 25 de junho de 2015

Fotos do Encontro Taquaral

O encontro sábado, dia 20/06, no Taquaral foi dez. Conheci algumas pessoas e revi outras que há muito não via e ainda, conheci pessoalmente amigas que só conhecia online. Todos compartilhando suas histórias, contando as vitórias e também as tristezas, afinal, nem tudo é perfeito. 

Queria ter ficado mais que as duas horas que minha família e eu ficamos lá, que passaram voando por estar muito gostoso o bate papo, mas tivemos outros compromissos (tínhamos até um casamento e não fomos). Acho muito edificantes estes encontros que fazemos, não porque o IC ou AASI sejam as coisas mais importantes da minha vida ou sejam meu "estilo" de vida (embora para alguns seja), mas porque graças a este meio que uso consigo ter a minha audição e quero dividir com outras pessoas minhas alegrias e meus anseios. Mesmo o IC e o AASI sendo detalhes em minha vida (roubei a frase de um amigo meu e implantado também), é graças a eles que consigo interagir com ouvintes e não ouvintes e antes disso, graças a Deus pela possibilidade de ouvir por meio deles. E faço questão de ajudar quem for preciso para esclarecer dúvidas e aconselhar e até mesmo incentivar o IC ou AASI, seguindo indicações e orientações médicas.

Minha passagem rápida pelo encontro rendeu algumas fotos, embora sejam poucas, ficaram guardadas em meu coração e compartilho aqui com os amigos. Gostaria de ter conversado com todos presentes no encontro e tirado foto com eles, mas teremos muitos outros encontros e com certeza, outras fotos.









quarta-feira, 10 de junho de 2015

Encontro de outono

Deixando aqui um convite aos amigos, usuários de IC/AASI ou não, para o encontro organizado por Roner Dawson. Eu vou!


domingo, 7 de junho de 2015

Dois anos de ativada

Dois anos se passaram desde a ativação do meu implante coclear!  E parece que foi ontem. Tantos sons descobertos, além daqueles que já ouvia. E cada dia descubro um novo som. Fico surpresa de saber como este mundo tem uma infinidade de som.

Ontem mesmo fiquei muito feliz! Aproveitando o feriado,  minha família e eu fomos para Itatiba, na chácara de amigos nossos e quando voltávamos, no começo da noitinha, dentro do carro todos conversavam em muito bom tom e eu podia entender tudo. Como estava escuro, não tinha leitura labial para me socorrer. Eu conversava com eles e respondia tranquilamente, quando me toquei que ouvia tudo, desliguei meu AASI e pedi para que continuassem falando.

Gente! Somente com o IC eu conseguia entender frase inteira! Eu conseguia saber quem e o que estava falando!

Para quem não sabe, antes do Implante, eu estive sem ouvir no esquerdo por trinta anos! E hoje escuto até o barulho do sal correndo no saleiro. O único botão da minha calça tilintando. Ou mesmo uma música que é realizada com os botões da minha jaqueta jeans, quando todos sacodem. Ouço o ponteiro de segundo do relógio do criado mudo. As unhas das patas da Cacau, minha basset. Percebo que ela está vindo correndo em minha direção, se eu estiver de costas. E quando ela choraminga baixinho, pedindo para abrir a porta e brincar com ela. Ouço - surpreendentemente - a minha respiração. Os passos de alguém chegando, e olha... demora para chegar! Ouço quando chega alguém em casa, pelo barulho de abrir o portão. Incrível!

O mais gostoso disso tudo é quando encontro alguém que há muito tempo não via e me diz: "Nossa! Você está ouvindo muito bem!" Ah, como eu gosto disso!

Obrigada, Senhor, por tantas realizações e vitórias!

Figura da Wikipédia. Veja mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Implante_coclear





sábado, 4 de abril de 2015

É cada dia uma nova descoberta

Depois que coloquei o IC, fiquei intrigada pois não conhecia uma pessoa que fosse como eu. Assim, que antes da cirurgia, mesmo com um ouvido funcionando conseguisse ouvir e falar bem, apesar de deficiente auditiva. Embora escutasse com dificuldade, eu sempre conseguia entender as pessoas sem a leitura labial, desde que elas articulassem bem a fala, assim até no telefone dava para entender. Ano passado conheci uma pessoa assim, e coincidentemente, também usava AASI no outro ouvido. Mais coincidência ainda foi saber que tínhamos a mesma idade e chegamos a morar na mesma cidade! 
Renata é uma pessoa que não mede esforço para ajudar o próximo. Mesmo longe uma da outra, ela sempre me incentivou em uma época que eu estava meio para baixo. Renata mandava todos os dias um áudio com palavras para que eu pudesse discriminar ouvindo somente com o IC e vibrava a cada palavra acertada. E nunca desistiu de mim, até hoje pega no meu pé, perguntando do mapeamento, audiometria, do IC. Isso é importante para o progresso do IC, que tem todo o processo de adaptação e no dia a dia, os treinamentos necessários para a reabilitação auditiva.
Pedi à Renata que escrevesse um texto sobre a sua experiência com o IC, para eu poder compartilhar aqui no blog também a sua história. 

Este mês de abril é muito especial para mim. Vou comemorar no dia 25 um ano da minha cirurgia de implante coclear. Um ano do primeiro grande passo fora da zona de conforto. Uma grande mudança, não só auditiva, mas de crescimento pessoal. 
Nasci ouvinte, falei super cedo, e repentinamente perdi minha audição aos 5 anos de idade. Após vários exames foi constatada perda auditiva neurossensorial bilateral severa a profunda no OE e profunda no OD. Imediatamente passei a usar aparelhos auditivos. Mas logo parei de usá-lo no OD, não tinha ganho nenhum. 
Há muitos anos meu médico falava sobre o IC,  até então indicado para meu OE , onde eu "ouvia bem". Não me senti confortável em fazer o IC e continuar sem a lateralidade. Eu queria mais. 
Em 2009 meu médico me informou que eu estaria qualificada a receber o IC no OD. Fiz todos os exames, mas na hora H, amarelei. Medo de cirurgia, sei lá! Fiquei este tempo, de 2009 a 2012 lendo muito sobre IC, retornei ao médico decidida a fazer no OD. 
Então, em 25/04/2014 finalmente fiz a cirurgia. E em 25/05 ativei meu implante.
Meu primeiro dia foi nada menos que estranho. Cheguei a pensar se tinha feito besteira. Ouvi logo na ativação vozes, ruídos da sala, barulho de chaves, muitos sons completamente diferente do que escutava com o AASi no outro ouvido. Metálico. 
Não discriminei nada, é preciso fazer terapia para treinar o ouvido, reaprender a ouvir depois de tantos anos. 
Chegando em casa , fiquei bem incomodada. Meus sogros ligaram do Skype e ouvir as vozes me deixou cansada. Nem consegui jantar, o "plin, plin" dos talheres me irritou muito! Fui tomar banho, e ai tive a primeira surpresa... Liguei o chuveiro, tirei o AASi e... Continuei ouvindo a água! Ai comecei a abrir a torneira da pia , puxei a descarga... Nossa, surpreendente! É bem mais alto!! 
Depois de ativada, nunca passei um dia sequer sem meu IC. É cada dia uma nova descoberta. Ouvir meu cachorro lamber as patas, os passarinhos, o farfalhar das folhas, um carro se aproximando, uma torneira pingando. Tudo faz ruído. Pessoas comendo. Minha respiração. Roupas. A água fervendo. Tantos sons! Eu ainda achava que ouvia bem! 
Alguns sons eu não gosto, mesmo! Plástico ou papel amassado. Roupas de náilon fazem muito ruído. Não consigo mais usar minhas jaquetinhas esportivas...Rsss
Ouvir música apenas com IC está cada dia melhor. Mas ainda acho a "parceria" IC + AASi melhor ainda. Já comecei a usar o telefone, para ligações breves. Feliz a cada dia. 
Não apenas ganhei os sons de volta, com o IC ganhei muitos amigos. Pessoas como você, Ale, entraram na minha vida e passaram a fazer parte do meu dia a dia. Agradeço a Deus por isso. E tento retribuir. 
Aqueles que têm dúvidas a respeito do IC , digo apenas que não há nada a perder é muito a ganhar! 

Também agradeço a Deus pelos amigos como você, Re! Obrigada pela força e apoio que tem me dado! Deus te abençoe e que venham muitos novos sons!

Nova audiometria, novos resultados

Estive fazendo audiometria com a minha fono terça-feira passada e tanto ela como eu ficamos felizes com o resultado. Eu realmente não esperava tanto.

Esta é a audiometria sem usar nada. Quase zero som!

Esta audiometria foi feita com IC no P1
Esta audiometria foi feita somente com o meu AASI

Como podemos ver nas imagens acima, a audiometria tradicional é feita sem nenhuma prótese auditiva. Para vermos o progresso com AASI e IC, foi feita audiometria separadamente nos dois ouvidos. O meu AASI já está bem velhinho, como comentei em outra postagem, o resultado era esperado. Ou seja, está ruinzinho... Já solicitei o Claris novamente, pois tenho andado com dificuldade de compreensão na fala. Agora, o IC teve uma melhora significativa, além de estar melhor que o AASI, ele subiu para 10 dB (na avaliação da fala) em relação a primeira audiometria, que estava 20dB.

Olhando os gráficos, quem não conhece não vai entender, por isso pedi a minha fonoterapeuta, Nirley, o gráfico com os sons relacionados aos respectivos decibéis. Assim eu, que também não conhecia, pude analisar melhor uma audiometria. 


O gráfico acima mostra que quanto menor o nível de audição em decibel, melhor o ouvido. O ouvido bom, pega todos estes sons, mas o ouvido com nível de audição em 20 dB, por exemplo, tem capacidade de captar os sons representados no gráfico da linha 20 pra baixo, entre eles: cachorro latindo, bebê chorando, piano, moto, avião, etc...

Por isso digo que a audição é um milagre! Quem tem a audição perfeita tem gratidão eterna com Deus. E quem não tem, deve buscar esta realização na sua vida, porque ouvir, por menos que seja, é tudo de bom!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Minha professora do pré

Gente, vocês não acreditam quem eu reencontrei! Minha professora do pré! No domingo de carnaval, Dona Ivelise estava com o esposo e família no Sesc, onde eu estava também com minha família.

Uma coisa que eu tenho muita curiosidade é de saber como que eu me virava quando perdi a audição, aos dois anos. Minha mãe sempre me dizia que quando aconteceu isso eu estava começando a falar, cantava músicas infantis e minha querida avózinha Francisca me dizia, quando era viva, que eu repetia o que ela me falava. Ou seja, eu ouvia. E por sinal, bem.

Mamãe disse que quando peguei caxumba, fiquei com o pescoço tão duro que tive que usar até uma tala em volta, para imobilizar. E quando a caxumba passou, ela notou algo. Disse que me chamava e eu não a atendia. Chegou a ficar brava comigo, pensando ser malcriação ou desobediência.

Mamãe estava com a vizinha - amiga nossa até hoje, a Regina - e ela também notou que eu não respondia. O passo seguinte foi me levar ao médico otorrino, em Campinas, o dr. Raul Renato (o pai). Ele virou para minha mãe e disse: Está surdinha!

Bom, depois disso mamãe correu pra cima e pra baixo comigo, até conseguir me fazer ouvir, para que eu pudesse estudar em uma escola normal. Meus pais compraram um aparelho de caixinha, cuja foto mostro numa outra postagem. Com ele pendurado na gola, pude ouvir minha voz e treinar a fala. Comecei a fazer fonoterapia, para aprender e treinar leitura labial.

Na correria da mudança de cidade, mamãe me matriculou em uma escola pública, onde estudei o pré (hoje conhecido como primeiro ano do ensino fundamental I). Aí que entra a dona Ivelise.

Quando a reconheci e ela a mim, começamos a conversar e contei a ela sobre o meu IC. Dona Ivelise ficou surpresa, disse que eu estava falando muito bem. Bastou ela começar a falar de como eu era na escola para me emocionar. Minha professora me contou que eu prestava bastante atenção para conseguir entender, falava pouco, mas que era muito inteligente e que tinha uma letra muito bonita. Puxa, ganhei meu dia! Fiquei tão feliz que fui chamar Paulo e as crianças e os apresentei. E ela contou para eles como eu era quando sua aluna e as crianças amaram ouvir a minha professora contar história de mim. Parecia que estava dando aula para eles também... Recordar é viver!

Com dona Ivelise e seu esposo José Lopes, no Sesc





domingo, 11 de janeiro de 2015

Ouvindo em 2015

Dia 6/1 passado (lembro do dia certinho, porque neste dia comemorei aniversário do meu casamento) estávamos em Governador Valadares, indo para a Tutto Gelatto, uma pizzaria. No carro, meu filho Guilherme me chamou e eu virei para ouvi-lo. Ele me perguntou algo por três vezes e eu não consegui entender. Caí em prantos. Tudo bem que estávamos dentro de um carro, com barulhos de motor e vento, estava de noite, portanto escuro, impossibilitando a leitura labial e também faltou articulação na fala do meu filho, pois ele falou rápido demais, esquecendo que eu não ouço tão bem assim. Mas me incomodou demais o ocorrido. Paulo me acalmou e chamou a atenção do Gui, para ele falar mais devagar. Depois de nos acomodar na pizzaria, chegaram Cristina, Clícia e Elisa - as irmãs do Paulo, e também Lorena, Ludmila e Bárbara, sobrinhas - e esquecemos do fato. Deixei pra lá. Vamos comemorar!

Quando voltamos ao apartamento do meu sogro, onde estávamos hospedados, fui ao quarto trocar de roupa, coloquei o pijama, peguei o tablet e sentei. Nisso ouvi o mesmo som que tinha ouvido um tempo atrás. Na ocasião da primeira vez que ouvi o som, estava de dia, era domingo e eu estava sentada na varanda da sala, lendo a Bíblia. Lembro que quando ouvi o barulho, imaginei que Elisa estivesse varrendo a sala. Puxei a cortina para olhar dentro da sala, não havia ninguém. Continuei ouvindo. Curiosa, desandei a procurar o som. Levantei da cadeira e olhei pela janela da varanda do apartamento, que fica no sexto andar. Lá embaixo vi um gari varrendo o chão da calçada. Pasme! Era dali que vinha o som! Fiquei um bom tempo observando - não preciso nem falar - emocionada. E claro, saí contando pra todo mundo que via na frente o que tinha acabado de ouvir. Coisas de recém-implantada.

Mas semana passada, quando ouvi, apesar de já conhecer, fiquei encantada! Parecia que estava ouvindo pela primeira vez, de novo. Larguei o tablet e fui à janela da varanda ver, já procurando algum gari lá embaixo. Vi duas garis. Fiquei observando a dança das vassouras fazendo aquele som no chão da calçada da principal avenida da cidade. Enquanto uma varria, a outra recolhia e colocava na lixeira. E conversavam, alegremente. E olha que já era por volta da meia noite. Achei tão legal que tive vontade de descer lá e abraçar as duas. Contar pra elas que eu estava as ouvindo lá de cima. E contar que consegui esse som ouvir graças ao Implante Coclear. E tirar uma foto com elas para publicar aqui no blog. Podia ter feito isso, mas fiquei com vergonha e apenas tirei uma foto da janela mesmo. Tirei com celular, ficou ruim por demais, mas não desisti. Peguei minha máquina fotográfica e capturei a imagem, para poder colocar aqui e mostrar como coisas simples podem emocionar.



domingo, 4 de janeiro de 2015

Primeiro Encontro de 2015

Recebi da minha amiga Carminda um convite e quero compartilhar aqui no blog. Já participei de outro encontro no mesmo local em 2013, mesmo dando uma passada rápida foi muito bom. Este próximo encontro gostaria muito de poder participar,  mas como estou viajando de férias, não será possível desta vez.