quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mais um encontrinho em Campinas

Outro agradável encontro organizado pelo Roner Dawson, usuário de IC, vai acontecer em Campinas, no Shopping Iguatemi. Neste local usuários de Implante Coclear, AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual), BAHA ou qualquer outro meio de se tornar possível a audição, e ainda usuários de Libras, candidatos, familiares e amigos de usuários, se encontrarão para um gostoso bate papo, para tirar dúvidas ou trocar informações. 

Você que deseja saber mais sobre IC ou AASI, não perca este encontro. Leve aquele amigo ou parente que sempre relutou por medo, dúvida ou receio do desconhecido. No encontro, ele se sentirá amparado, tanto por veteranos quanto pelos novatos na turma.

Não deixe de ir! Vai acontecer dia 31/10/2015, sábado, na Nova Ala do Shopping Iguatemi (parte nova), das 14 as 18 horas. 

Estarei lá!




domingo, 11 de outubro de 2015

Um tempo sem audição

Um belo dia resolvi lavar os cabelos de manhã, e como já ia sair para trabalhar, não deu para secar e saí com eles molhados mesmo. Colocar os meus ouvidos, nem pensar. Meu AASI não é a prova d'água e meu IC até aguenta bem umidade, mas se eu colocasse na cabeça, meu cabelo não ia secar direito. Então pensei em colocá-los na bolsa e depois, quando meu cabelo já estivesse menos molhado eu os colocaria. E assim feito, saímos, minha família e eu para o trajeto matutino rotineiro.

É engraçado que, mesmo sem minha audição, parecia que eu "sentia" os sons. Eles fazem tanto parte da minha vida, que eu acostumei. Por isso, quando eu abri e fechei o portão, eu "senti" o som que faz, pois parece que ficou gravado em minha mente. É algo esperado quando minha mente "vê" o abrir e fechar do portão, é automático o ouvir o som esperado. É parecido com quando você coloca o som da TV no mute, você está vendo a imagem e sabe qual seria provavelmente o som. 

Naquela manhã, resolvi deixar no mute por um tempo. Depois de deixar minhas crianças na escola e esposo no ponto de ônibus, segui para o mercado. E deixei meus ouvidos na bolsa. Por um momento pensei em pegá-los, pois dirigindo, não ouviria buzinas ou outros alertas, talvez fosse perigoso. Mas criei coragem e segui em frente, afinal, tem várias pessoas que não ouvem nenhum som e dirigem. Queria ver como era. E parecia que eu conseguia ouvir o som do motor do carro, lá na minha mente.

Claro, minha atenção redobrou. Não que eu não seja cuidadosa no trânsito, não é isso. Tá, ás vezes sou meio maluca, mas procuro tomar cuidado e não cometo extravagâncias a ponto de correr o risco de causar danos a outros. Mas a verdade é que quando eu fiquei com zero som, parece que aquele sono que estava quando acordei de manhã acabou de repente e que meus olhos dobraram de tamanho. Sem brincadeiras, meu radar ficou ligado no máximo.

No mercado desci do carro, peguei o carrinho e subi a rampa. Olhei o carrinho e imaginava o barulho metálico das rodinhas. Olhava as pessoas que cruzavam comigo com mais atenção. Fiz rapidamente as compras, e antes de passar as compras deu uma vontade de tomar aquele cappuccino dentro do mercado. Pensei: será que o atendente vai me compreender? Sei que minha voz muda quando estou sem aparelho. Vou, não vou, vou, não vou e... fui! No balcão, esperei o atendente olhar para mim e falei pausadamente e movendo bem os lábios (como é ruim falar sem ouvir a própria voz!): Um cappuccino, por favor? Ele entendeu, aleluia! E ainda perguntou: Com chantilly? Soltei um "claaaaro" sorrindo. A verdade é que normalmente eu chego e peço: "Um cappuccino no capricho, por favor", mas dessa vez fiquei com vergonha. O engraçado é que quando peço assim, nunca vem caprichado, mas dessa vez veio um cappuccino bem no capricho que até soltei um "uau!". Bem, e na hora de passar no caixa, não pedi CPF na nota para não falar muito e falei muito obrigada.

Na hora de passar as compras, tive que conversar um pouquinho com a moça do caixa. Forma de pagamento? CPF na nota? E não teve jeito, acho que a moça percebeu. E o bacana é que ela esperava eu olhar para ela para falar comigo. Fui muito bem atendida e até ganhei um sorriso da moça quando despedi agradecendo.

No carro, coloquei GPS e senti falta da voz orientando: Vire à direita e em seguida, vire à esquerda. Consegui me orientar bem somente com a imagem. Mas que faz uma falta ouvir as instruções, faz, viu...

A verdade é que foi uma experiência interessante, mas o som faz parte da minha vida e prefiro não abrir mão dele e neste dia mesmo não consegui ficar muito tempo sem. Tudo bem que é só durante o dia, já que a noite, quando vou dormir, eu tiro os meus "ouvidos" e fico no mute - aí para dormir é uma maravilha, pode cair o mundo, que não acordo. E também em casos como agora, eu estava aqui no silêncio, interrompido vez ou outra pelos filhos que pediam atenção, mas concentrada escrevendo esta postagem e o esposo chega e tcharam... liga a TV. É impressionante como tira a concentração! Mas isso foi facilmente resolvido desligando meus "ouvidos". Essa é a vantagem de ser usuária de AASI e IC. :)